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Histórico do Projeto

A construção desse projeto estabelece fortes relações com a aproximação que os coordenadores tiveram com a dança afro-brasileira. Professora Waleska Britto, ao longo de sua formação em dança na Escola de Danças Maria Olenewa, foi estudante da professora Mercedes Baptista, durante sua formação em balé entre os anos de 1970 a 1978. O professor Marcus Machado foi aluno do professor Gilberto de Assis na Academia Space Dance, em Cascadura, durante 6 anos; e posteriormente frequentou as aulas da professora Katia Bezerra por mais de 10 anos, em sua Escola de Dança Katia Bezerra. No ano de 2012, com o falecimento do professor Gilberto de Assis, a professora Katia Bezerra e a professora Sílvia Cardoso, que tinham uma longa amizade com o professor Gilberto de Assis receberam da família um acervo da trajetória desse bailarino. Neste material haviam fotos, programas, apostilas, reportagens, livros, cartões e cartas de amigos. Elas então, solicitam em nome do Departamento de Arte Corporal da Universidade Federal do Rio de Janeiro que recebessem esse material. Com a doação desse acervo, iniciou-se uma série de encontros e conversas com ex-estudantes e bailarinos que conviveram com o professor Gilberto de Assis. E a partir daí o projeto tomou uma direção, mediante a demanda destes estudantes, que foi de tentar registrar a técnica da dança afro-brasileira criada por Mercedes Baptista e desenvolvida por Gilberto de Assis e dar um destino ao material do acervo. Entre os anos de 2018 e 2019 diversas oficinas de dança afro gratuitas foram ofertadas ao público geral na UFRJ. Os ministrantes dessas oficinas foram pessoas significativas para a dança afro como: Katia Bezerra, Silvia Cardoso, Carlos Mutalla, Sidney Gomes e Charles Nelson. Essas oficinas foram registradas através de filmagem. A partir delas e entrevistas realizadas foi possível traçar certas diretrizes e estruturas que compõem a dança afro de Mercedes Baptista e Gilberto de Assis. É importante destacar também que durante a Pandemia, estabelecemos um contato e começamos a realizar oficinas online com professores estadunidense do Instituto Katherine Dunham. Instituto este que Mercedes Baptista iniciou seus estudos de dança afro diaspórica no ano de 1950. A aproximação com a técnica de dança de Katherine Dunham nos fez perceber a forte influencia que estas pesquisas tiveram para a técnica de dança afro de Mercedes Baptista. Assim, o projeto passou a denominar a técnica de dança afro de Mercedes Baptista como dança afro-brasileira na vertente Dunham-Baptista-Assis. O resultado de nossas pesquisas sobre a dança afro-brasileira vem sendo postado em forma de vídeo e textos no site do Laboratório Grafias do Gesto.

 

O acervo de Gilberto de Assis foi estudado, catalogado e digitalizado ao longo desse processo. Nos anos de 2023 e 2024 findada a digitalização de todo o material iniciou-se a postagem disponibilizando o acervo de forma virtual para o público, no mesmo site.

O acervo físico, com o consentimento da Katia Bezerra e Silvia Cardoso foi doado ao Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, que vem organizando uma exposição desse material.

 

 

aula AFRO

A técnica de dança afro criada por Mercedes Baptista e desenvolvida por Gilberto de Assis, apresenta uma certa padronização em sua estrutura.

 

De um modo geral ela é constituída por três momentos:

a) exercícios de aquecimento: barra, centro e chão;

b) exercícios educativos;

c) repertório.

A barra é composta por exercícios estruturados e fixos. Em cada aula podem ser apresentados todos os exercícios criados para a barra ou parte deles. Objetivo da barra é principalmente um fortalecimento dos membros inferiores, alongamentos e vivencia de movimentos de ondulação da coluna.

Os exercícios educativos podem ser tantos os movimentos conhecidos na dança moderna como “isolation”, como movimentações de saltos e giros. Nos “isolation”, cada segmento articular do corpo, seguindo o eixo céfalocaudal (movimentos de: cabeça, ombros, tórax, pelves, membros inferiores e coluna), é exercitado em diferentes estruturas rítmicas ao longo de uma trajetória em deslocamento espacial. No caso da coluna vertebral são experimentadas as ondulações e as contrações. Além do exercício das partes isoladas, aqui podem ser experimentados exercícios de saltos e giros específicos da dança afro.

Nos exercícios de repertório podem ser apresentados duas categorias distintas, uma se refere a passos específicos dos Orixás, ressignificados pela dança de Mercedes Baptista e a outra, ao grupo, de repertório de algumas danças “folclóricas” brasileiras. Esse repertório foi incorporado à técnica a partir das criações coreográficas. É importante destacar que alguns passos das danças brasileiras foram criados pela própria Mercedes Baptista, como é o caso do Cafezal, dança essa não existente nas manifestações populares, mas sim parte de um espetáculo criado pela artista.

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É possível ainda que ao final da aula, após essas etapas descritas, possa ser executado uma pequena coreografia, trazendo um vocabulário dos gestos exercitados anteriormente, sobretudo, dos Orixás e das danças brasileiras.

 

Aqui nesse site apresentamos uma aula completa filmada de maneira didática, contendo as principais estruturas, como também trazemos algumas aulas filmadas de ex-alunos de Gilberto de Assis. Além disso, teremos também exemplos do vocabulário referente a barra, aos educativos e ao repertório dos Orixás e danças brasileiras. O objetivo aqui é que a partir desse material possam ser estruturadas aulas seguindo a técnica de Mercedes Baptista.

aula completa

Os alunos de Gilberto de Assis trouxeram uma experiência única e enriquecedora ao Laboratório de Grafias do Gesto, oferecendo oficinas de dança, permitindo que o movimento e a expressão corporal se transformassem em uma linguagem viva, cheia de significado. 

aquecimento

A técnica de dança afro-brasileira do eixo Dunham-Mercedes-Assis, amplamente difundida no estado do Rio de Janeiro, utiliza movimentações de aquecimento realizadas na barra, centro e chão como uma forma essencial de preparar o corpo

REPERTÓRIO

Os repertórios da dança afro-brasileira desenvolvidos por Gilberto de Assis, apresentados por seus alunos, refletem uma rica e profunda inspiração no movimento criativo que emerge das tradições culturais afro-brasileiras. Esses repertórios incluem a dança dos orixás, que expressa a força simbólica e espiritual das divindades do Candomblé e Umbanda, além da inspiração em danças folclóricas que celebram a diversidade e riqueza das manifestações populares do Brasil.

Através dessas coreografias, os alunos de Gilberto de Assis exploram a corporalidade e a ancestralidade, conectando técnica e tradição em um diálogo dinâmico entre o sagrado e o popular. Assim, a dança não apenas transmite movimentos, mas também valores culturais, afetos e memórias coletivas, contribuindo para a valorização e perpetuação da cultura afro-brasileira no cenário artístico contemporâneo.

EDUCATIVOS

Os educativos apresentados são fundamentados nos movimentos ensinados por Gilberto de Assis a seus alunos. Esses movimentos, que constituem a base de suas aulas.

percussão e aula afro

A dança afro, impulsionada pela forte percussão, carrega a essência da cultura e da ancestralidade. As criações de Gilberto de Assis, repletas de ritmo e história, refletem essa riqueza cultural. Cada orixá tem um pulso próprio, traduzido em movimentos específicos que revelam seu caráter e força. Mestres da dança afro no Rio de Janeiro, guardiões dessa tradição, transmitem seu saber e mantêm viva essa expressão artística, conectando o presente com as raízes africanas.

AVATARES

Os movimentos das aulas são replicados por um avatar que os demonstra de forma detalhada. Simultaneamente, as partituras de movimentos, registradas por meio da notação Labanotation, são exibidas, proporcionando uma visualização clara e precisa da sequência de ações.

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